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sexta-feira, 24 de junho de 2011

A parábola da águia.

Não me esqueço nunca que em minhas visitas a um velho amigo, ele sempre me passava algo que tivesse a ver com o nosso trabalho e com a nossa vida. Eram horas e horas sentados na varanda jogando conversa fora. Ele, com toda a bagagem que tinha falava dessa forma e sempre me olhava como que procurando um olhar de entendimento e se divertia com meu pouco tato para esse tipo de assunto.
Essa é apenas uma das várias histórias que ele me contava.

As águias em geral constroem seus ninhos em pontos altos e de difícil acesso, isso por dois motivos. O primeiro é para evitar predadores no ninho enquanto estão fora. O que funciona bem, já que é em desfiladeiros e cumes de montanhas que os fazem. O segundo você vai entender qual é lendo o que vem a seguir.

Uma águia, talvez a americana, invariavelmente cria seus filhotes por cerca de um ano. O casal na época de chocar os ovos se reveza na tarefa. Após os filhotes nascerem nunca um dos dois abandona o ninho. Como é um ponto íngreme e a queda é enorme, melhor não facilitar.

Durante o período de crescimento os filhotes comem muito. E o trabalho dos pais é dobrado, já que esses crescem numa velocidade alarmante. Haja caça pra esses bichos! Mas de forma alguma os pais deixam os filhotes tentarem algo sobre vôo. No máximo um passeio em volta do ninho. Isso se estende por vários meses.

Quando as penugens dão lugar as penas, essas fortes e rijas para sustentar o vôo. Os pais, já de saco cheio dos bichinhos já lhes deixam ensaiar algumas batidas de asas. Mas o trabalho da alimentação continua. E como!

Quanto do ciclo de crescimento chega ao estágio de briga no ninho, onde os filhotes já se estapeiam por comida, a coisa começa a mudar de figura. Os pais passam a empurrar os filhotes para o aprendizado e ensinam como alçar o vôo. Mas ainda não um vôo completo. Apenas ensaio.

Bem, um belo dia um dos dois progenitores chega, da uma olhada naquele marmanjo folgado sentando com o rabo no ninho esperando a hora do grude. Ele olha, olha de novo, mira o abismo e chega a hora da lição dessa historia. O ‘papai’ simplesmente da um belo bico no rabo do filhinho! Esse cai do ninho para o precipício. Ai ele só tem duas opções. Ou bate as asas, voa sozinho e ganha os céus ou se arrebenta no fim do abismo.

Pode se dizer que o desespero faz horrores nessas horas. Dificilmente ele não consegue. E desse momento em diante, não volta mais ao ninho.

Dá certo em 99,9% dos casos. Funciona que é uma beleza.

"Sempre chega um momento que temos de nos virar por nós mesmos"

Dedicado ao meu amigo Valdevino

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