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sexta-feira, 15 de abril de 2011

“Pessoas comuns...”

Três dias atrás.
Batendo á porta do Sr. Humberto.
_ Pode entrar.

_ Licença?! Vim pegar o livro que o senhor havia me oferecido. Posso pegar?
_ ? Que surpresa! Achei que não ia querer! Pega ai. Não esquece! Faz um resumo do que você leu. Mas coloca com palavras suas. Vamos ver se leva jeito pra isso.
_ E o senhor vai ler? Por quê?
_ Simples. Só emprestar não adianta se não puder dizer se você esta seguindo sua lógica ou não. Toma! Pode levar.
J.P – João Paulo – nem alongou a conversa. Pegou o livro e saiu.

Hoje.
Na cozinha do escritório no horário do almoço quem tinha o horário parecido se sentava á mesa e enquanto comiam conversavam sempre. A rapaziada fazia sempre a mesma farra. Nem sabiam se comiam ou se discutiam sobre coisas do dia-a-dia. J.P estava ali conversando com Carlos, outro que ajudava no escritório sobre trabalho.
_ E ai mano? Ta lendo esse livro esquisito pra que? Vai dizer que vai virar agora filosofo? Do que é esse livro?
_ Nada Carlim! Na escola isso não me entra no cabeção de jeito nenhum. O Sr. Humberto tem um monte e como eu to de boa na hora do almoço resolvi ver se é interessante ou se isso não me desce mesmo. Mas ta interessante sim. É sobre civilizações antigas e suas manias.
_ Cuméquié? Mania?
_ É! Compliquei! Hábitos, tradições! Como tratavam a vida naquela época e o por que faziam daquele jeito.
_ E isso te ajuda em que? Isso é coisa de gente velha mano! Nada a ver!...Oh! Lembrei a Cris, a gostosa do CPD perguntou de ti. Num vai lá da um lero com ela não? Maior vacilo hein?
_ Vou sim. Demoro! Marquei de ajudar ela num trabalho pra facul. É sobre uns lances de matemática. Ela não entende muito umas paradas e eu to estudando justamente isso. Daí fico de boa com ela.
_ Só! E num vai engrenar um lance com ela?
_ Quem dera. Mas é só isso mesmo. Vou lá agora. De repente ela ta precisando.
_ Nem! Hoje ela foi no fornecedor pra ver equipamento pro escritório. Desencana. Mas fala ai. Que manias esse povo antigo tinha?
_ Há! Verdade! Era mais sobre como eles tratavam da morte e como faziam em vida caso isso acontecesse. Mas é mais do que isso. Era como viam a vida. Que muitos achavam ser a continuação de outros. Fosse aqui nesse mundo ou vindo de outro. Bem legalzinho. Quer ler depois?
_ ...Sei não...! Ta meio que esquisito esse lance ai! Depois tu me conta se vale a pena ou não.
_ Beleza. Ai! Já li umas 20 paginas e to meio cansado! Tenho quatro reais. Vamo toma um refri?
_ Fanta?
_ Coca mano!
_ Demoro!
Já iam sainda quando o faxineiro chamou os dois em tom sério.
_ Oh vocês dois! Vão saindo de fininho e não vão limpar isso aqui não? Vão deixar esse chiqueiro em cima da mesa? De novo?
Um olhou para cara do outro, voltaram sem dizer palavra, pegaram tudo que estava em cima da mesa e com cinco minutos estava tudo em ordem.
_ Melhorou?
_ Vocês tem que fazer essa bagunça? Por que não comem e somem daqui logo?
_ Beleza. Desculpa ai. Tamos indo.
Os dois saíram sem dizer mais uma palavra. Enquanto isso o faxineiro não parava de resmungar sozinho.
_ Bando de vagabundos desocupados. Não tem um pingo de respeito. Só ficam aqui falando da vida dos outros.
E continuou resmungando....

“... falam de coisas comuns”

Nota: O coloquial aqui, além de ser o mais informal é cheio de gírias para ficar mais natural.

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