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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Papa Silvestre II – Um grande matemático. Um fim trágico.


Encontrei essa história agora que me aprofundo na matéria por outros motivos. Havia lido ela já faz seus 15 anos e não conseguia me recordar do nome do protagonista. É um texto um pouco longo, mas acredito que é de grande valia para quem se interessa por história, estudos – principalmente matemática – e também como referencia ao que digo sobre extremismo religioso e o maior mau que a humanidade conhece: a ignorância!


O PAPA DO ANO MIL

Silvestre II, o papa do ano 1000, foi o único papa matemático (profundo conhecedor de Geometria e Álgebra) e considerado o homem mais culto de sua época.

Sobre ele, sua vida e seu trágico fim, encontramos referências do filósofo brasileiro Padre Leonel Franca, S.J.; do poeta Olavo Bilac (Conferências, pág. 142); e do historiador português A.F. Vasconcelos, em História das Matemáticas na Antiguidade (Lisboa, 1910, pág. 622 e seguintes).

O seu nome era Gerbert, nascido em Aurillac, no Auvergne francês. Seu interesse pela Matemática era tal, que foi estudar na Espanha, ocupada pelos árabes muçulmanos, e de lá trouxe os algarismos arábicos (ainda sem o zero), que utilizamos até hoje.

Diz A. F. Vasconcelos:

"No século X, Gerbert, de família muito pobre do Auvergne, depois de fazer sua educação na escola abacial de Aurillac, passou à Espanha, onde, recebendo o influxo das escolas árabes, aprofundou o estudo das Matemáticas... particularmente na construção de ábacos e de globos terrestres e celestes, dos quais fazia uso nas suas lições. Mecânico distinto, além disso, parece que imaginou um certo relógio, conservado durante muito tempo em Magdeburgo, e um órgão hidráulico, que ... existia na Igreja de Reims..."

"A sua reputação e fama de um tão grande saber levaram os contemporâneos à idéia de estar Gerbert vendido ao diabo, o que não obstou, apesar das intrigas e das odiosas acusações de muitos, que ... fosse protegido de Hugo Capeto, que lhe confiou a educação de seu filho Roberto, depois, rei de França". "... foi Gerbert sucessivamente nomeado Abade de Bobbio (982), Arcebispo de Reims (991), Arcebispo de Ravena (998), e, mais tarde, eleito Papa, tomou o nome de Silvestre II (999-1003)."

Para se ter uma idéia da importância da família Capeto, basta dizer que toda uma dinastia daí se originou. Os reis Luíses, da França, eram Capetos; inclusive Luís XVI, que, após ser deposto, em 1792, passou a ser chamado, pelo Governo Revolucionário, de Luís Capeto.

De acordo com os historiadores, Gerbert conseguir formar uma importante biblioteca, com as cópias de grande número de obras clássicas latinas, tendo ele próprio composto muitas obras científicas.

Entre essas obras, citam-se: "Regras sobre a ciência dos números", "Regras sobre cálculos com ábacos", "Sobre a divisão dos números" e uma Geometria, com aplicações à Agrimensura.

Tais referências são encontradas no livro de Malba Tahan (que foi o matemático e orientalista Júlio César de Melo e Souza), Maravilhas da Matemática, 2ª edição. Malba Tahan não nos conta como Silvestre II morreu, após o seu curto pontificado de 4 anos.

Mas afirma que, segundo A.F. Vasconcelos, logo após a sua morte, o corpo do papa sábio foi arrastado pelos fanáticos a um pátio, mutilado, e, em seguida, esquartejado pelos ... cardeais!

No campo religioso, Silvestre II promoveu a Reforma Eclesiástica, combateu a simonia (comércio das coisas sagradas) e impôs a Trégua de Deus. Agora que nos aproximamos do ano 2000, deixamos a nossa homenagem ao mais culto dos papas, Silvestre II, do ano 1000.

Mais uma vítima do extremismo e do obscurantismo.

E mais um herói da Ciência.

Fonte:Desenredo

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