Em 1º de março de 2011 completou dez anos que o Taleban ordenou que as estátuas construídas nas rochas das montanhas Bamiyan fossem destruídas, já que o islamismo não veneram imagens. O Taleban não tem muitos simpatizantes pelo mundo depois desse ato totalmente descabido, ficou sendo mais odiado ainda. Não pelo valor religioso ou qualquer coisa do gênero mas obras daquelas proporções e que já estavam ali há séculos, tem um valor incalculável para nossa civilização. Foi uma grande perda para o mundo. De fato uma pena.
O jornalista afegão Farhad Peikar, que vive em Cabul, viajou 240 km até Bamyian para testemunhar o cenário atual. Ele contou ao blog Pelo Mundo o que viu e ouviu.
"Os nichos agora vazios de Bamiyan, que há dez anos abrigavam as maiores estátuas de Buda no mundo, com 38 e 55 metros de altura, são uma lembrança amarga da ira cega dos radicais islâmicos do Taleban. Não foram apenas as estátuas que eles destruíram, então, mas todo o vilarejo, povoado pela minoria xiita hazara. Essa gente foi torturada. Os Taleban não se deram por satisfeitos apenas em destruir os Budas, eles fizeram com que os moradores os ajudassem, mesmo contra a vontade. Eles tiveram de escalar as estátuas, pendurados em cordas, abrindo buracos na rocha para colocar dinamites. Quem não o fizesse, seria preso. E os habitantes daqui sabiam bem o que significa ir para uma prisão do Taleban, acusado de tortura e mortes. O povo de Bamyian não se esquece dessas atrocidads e odeiam os Taleban.”
Os nichos que antes abrigavam os Budas gigantes de Bamyian continuam vazios, apesar da queda do Taleban e da presença estrangeira no país há uma década. São apenas mais um sinal visível de que, apesar das tantas promessas de reconstrução do país, muito pouco, ou quase nada, foi feito. Quando estive em Cabul, em 2008, testemunhei com os próprios olhos a destruição. Pela janela do carro sacolejante – porque nem mesmo as ruas da capital têm asfalto! – passavem ruínas de prédios inteiros ainda da guerra civil, anterior à tomada do país pelo Taleban; marcas de balas por toda parte; ar seco, poluição, lixo; uma cidade sem luz, apesar de ser a capital. Durante os 15 dias que estive em Cabul, dois suicidas detonaram seus explosivos em ruas movimentadas da capital e nesses ataques morrem apenas afegãos, porque os estrangeiros costumam estar bem protegidos entre muros altos protegidos por barricadas, vidros à prova de balas e homens armados até os dentes. Os afegãos se perguntam o que toda aquela gente está fazendo no país!
Cogita-se a reconstrução da estatua, mas efetivamente nada tem sido feito. A região como sabem é instável e mesmo sob a ocupação dos EUA ainda corre-se o risco de um revide por parte do Taleban.
A região de Bamiyan é uma das poucas ainda controladas pelas forças de coalizão. Em uma recente declaração, o comando do Taleban afirmaou ter retomado o controle de 75% do país – as estimativas de organizações de segurança global não diferem muito disso; falam em 72%. As tropas estrangeiras dominam as capitais das províncias, mas mais de 70% do Afeganistão é formado por vilarejos rurais, sobre os quais o Taleban teria voltado a exercer seu domínio.
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