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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Povos do norte - A morte de palha (Der tod stroh*)


Há vários anos havia ouvido o termo e nunca tive como saber o que significava, mas como sempre fiquei imaginando como era o modo de vida dos povos do norte da Europa até meados da idade moderna, bem como suas crenças, então pesquisei, li em alguns livros e algumas vezes me deparei com algum material em alemão, norueguês, sueco e outros. Meio complicado de entender e fazer algum sentido. Só consegui traduzir algumas poucas linhas e mesmo assim ficavam vagas. Mas acho que cheguei onde queria. Eis aqui um resumo do modo de ser que indica muito do que era a vida de guerreiros nessa época.


Vikings foi à denominação dada a um grupo de escandinavos que espalhava o terror na Europa e boa parte de Ásia até meados do século XVI.  Eram sim guerreiros, mas saqueadores. Explico: os Povos do Norte ou Escandinavos não eram todos voltados pra esse tipo de atividade. Eles tinham localização fixa, eram dados a trabalhar nas lavouras, criação de gado e outros animais e tinham cultura própria e distinta dos hábitos desses saqueadores.

Os guerreiros normandos ou escandinavos acreditavam nas divindades que eram voltadas, em boa parte, para a bravura e coragem. Ter histórias suas para contar, seus atos em batalha ou mesmo em duelos eram suas razões de viver. Por que isso? Porque garantia sua entrada no ValhalaO lar dos bravos – e o contrário disso, o lugar onde um covarde seria recebido chamava-se Hell, onde a alma do infeliz arderia e seria punida por toda a eternidade.

Acreditando nisso, todo e qualquer guerreiro tinha por obrigação atestar a bravura de um companheiro como também devia honrar sua própria história. Nunca, em momento algum, deixar de lado uma batalha, um desafio e nem mesmo o mínimo desrespeito para com sua pessoa. Os duelos aconteciam por razões mínimas. Até mesmo chamar um homem de “cão”, compará-lo a uma mulher ou lhe entregar uma pena brancasímbolo da covardia - era mais do que motivo para uma contenda, e dessa só restava um. Uma luta jamais terminava em empate ou desistência. Eram assim os meios de se resolver as diferenças. No fio da espada.

Havia um ditado entre eles que foram mencionadas várias vezes e que ficou assim
“Quando a morte lhe chamar corra ao seu encontro, antes que outro vá em seu lugar”. 

Não eram raros momentos em que esse povo era ameaçado por outros e não fugiam á luta de forma alguma. Até as mulheres, quando necessário, pegavam em armas para ajudar e diz à história que eram excelentes guerreiras, ótimas com espadas, punhais, lanças e alabardas (uma espécie de lança, mas com lamina maior e de fio duplo) e que sempre que o inimigo batia á porta, tinha uma recepção calorosa, e mortal.

A bem da verdade, muitos outros povos procuravam evitar qualquer de maneira o povo do norte.

A obstinação pela morte em combate. 

Essa era a razão de viver desse povo. Tombar em combate, com arma em punho. Não importava de que forma. Tudo o que um homem queria era ter seu fim assim. Poder ser velado pelos amigos, ter seu nome gritado por todos a fim de que Odin os ouvisse, avaliasse seus atos e os aceitasse na morada dos bravos. Caso esse deus assim o fizesse, Valkirias viriam resgatar sua alma e conduzi-la ao Valhala. Era nisso que criam. Mas o principal motivo, talvez, não fosse somente esse. A idade pesava muito, as doenças na época também tinham muita importância e todos sabiam que um inválido atrapalhava a vida de seus familiares e, um peso extra, que não pudesse ajudar, nem na lida do cotidiano nem em batalha, era um inútil. Um peso morto. Esses tinham uma vida infeliz, tornavam-se parias, eram abandonados em suas casas, deixavam de ter amigos, sofriam sozinhos e eram condenados à morte de palha. A morte de um imprestável que não teve coragem de lutar por sua vida e seu povo. Um covarde. A pior das mortes para eles, deitado, sozinho em uma cama de forrada com palhas.

Fontes: Michael CrichtonDevoradores de mortos, Wikipedia, Fustel de CoulangesA Cidade Antiga.

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