Páginas

domingo, 12 de agosto de 2012

Para onde os rios correm?



Esse é o trecho final onde pai e filho se falam antes do fim. Acho que foi o mais próximo do que consegui imaginar na relação pai/filho e sempre pensei algo do tipo. Kazuo Koike - Lobo Solitário "Lone Wolf" - deve ter um senso de criação fora do comum. Não consigo conceber como criou um diálogo tão marcante como foi esse no fim de uma saga que marcou uma geração inteira. Meu preferido.


Pai e filho haviam vencido uma grande batalha. Mas o preço havia sido alto. A espada havia se perdido, e o pai sofrera grave ferimento no peito. O filho estava desesperado!
Ao ver o pai se indo, ele gritou! 

_ Papai!

Os olhos do pai se abriram vagarosamente, tremulo, olhou o filho em lagrimas. Muito lentamente, levantou-se, pegou o filho nos braços e foram as margens do rio. Olhando profundamente nos olhos do filho perguntou;

_ Filho, você sabe para onde os rios correm?

_ Pro mar!

_ Sim! O rio desemboca no mar! E torna-se onda! Ondas grandes, ondas menores. Elas vem e vão. Vão e vem. Muitas e muitas vezes sem cessar.

A vida do ser humano é como a onda. Ele nasce, vive e morre e novamente renasce!
Em breve o corpo de seu pai tornar-se-á um mudo cadáver. Mas a alma que existe em mim jamais deixara de existir.

Quando chegar a hora, minha alma partira ondulando pela correnteza. Para desembocar na outra margem da vida a fim de reencarnar.Meu corpo pode padecer, mas minha alma é indestrutível! Assim como a sua! Nossas almas são eternas! Indestrutíveis para sempre! 

Não se abale caso veja o corpo de seu pai ao chão! Não recue caso veja minha pele se rasgar ou meu sangue jorrar! Não tema ao ver meus olhos cerrados ou minha boca calada!

Na outra encarnação, eu continuarei a ser seu pai! E você ainda será meu filho!
Nós somos, e continuaremos sendo inseparáveis. Eternamente pai e filho!