sábado, 10 de março de 2012

Sozinho - Mary Wollstonecraft Shelley



Quando li a obra pela primeira vez, aos 19 anos, foi por mera curiosidade, já que diziam que o filme não tinha muito da essência do que a autora quis contar. Uma passagem me chamou á atenção, é onde a criação de Frankenstein se encontra isolada de tudo e ali, o que não deveria nem existir contempla sua própria consciência e com ela descobre sua triste condição.




"...

Quando a busquei pela primeira vez, era o amor pela virtude, os sentimentos de felicidade e afeição com os quais todo o meu ser transbordava e eu desejava partilhar.




Mas agora que a virtude se transformou para mim em sombras, e a felicidade e o afeto converteram-se no mais amargo e odioso desespero, onde deveria eu buscar compaixão? Contento-me em sofrer sozinho enquanto perdurar meu sofrimento.


Outrora minha imaginação era apaziguada com sonhos de virtude, fama e divertimento.


Fui alentado com elevados pensamentos de honra e devoção.

Mas agora o crime me degradou abaixo do animal mais abjeto.

Nenhuma culpa, nenhuma injuria nenhuma perversidade, nenhum sofrimento pode ser comparado aos meus.

Quando repasso o terrível catalogo de meus pecados, não posso crer que seja a mesma criatura cujos os pensamentos outrora foram repletos de sublimes e transcendentes visões de beleza e majestosa bondade.

Mas é exatamente isso.

O anjo caído torna-se um demônio maligno. No entanto, mesmo aquele inimigo de Deus e do homem tinha amigos e companheiros em sua desolação.

Eu estou sozinho.

Eu estou sozinho.

Sozinho.


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